
Outros dizem que veio do fandango, uma outra dança espanhola de origem árabe, muito popular, desde o século XVII e que também andou fazendo sucesso em terras brasileiras, nos séculos XVIII e XIX. O fandango, menos suave que o bolero, ainda é dançado em versão bem modificada em estados do sul do Brasil. O bolero, a princípio, era executado com acompanhamento de castanholas, violão e pandeiro, tal qual o fandango, enquanto o casal dançava sem se tocar, com sensuais movimentos de aproximação e afastamento. No século XVIII foi executado pelos melhores bailarinos e foi a dança preferida das damas da corte. Trazido pelos espanhóis para suas colônias na América, ele foi se modificando pelas influências locais e recebendo contribuições, em especial, de ritmos vindos da África. Podemos concluir, então, que se trata de uma adaptação da clássica balada às raízes afro-espanholas. Sempre foi mantido, no entanto, seu caráter de dança de galanteio, suave, terna e romântica. Desenvolveu-se, principalmente, em Cuba e outros países da América Central, México, República Dominicana, Porto Rico. Curiosamente, só no Brasil, ele é dançado da forma que o conhecemos nos dias de hoje, com figurações muito diversificadas. Na maioria dos países latino-americanos, dança-se o bolero de forma simples e lenta, sem muitas variações. É aquele bolero dançado "dois p'ra lá, dois p'ra cá...", como na letra da famosa música de João Bosco. Se perguntarmos a um cubano, a um costarriquenho ou a um argentino, por exemplo, a resposta será sempre a mesma, isto é, explicam que dançam o bolero dessa maneira porque ele serve para namorar, pois visa o romance.E era assim também, aqui no Brasil, até pouco tempo atrás. Nos bailes atuais, os dançarinos fazem grande número de figuras ao dançar o bolero, muitas delas adaptadas de outros ritmos que costumam dançar do mesmo jeito, ou seja, com figuras de bolero, não só os boleros propriamente ditos, mas também outros ritmos suaves e românticos. Costuma-se generalizar: se é ritmo lento, dança-se como se fosse um bolero. É uma característica bem brasileira, esta de buscar fazer uma simbiose e simplificar. É uma faceta da criatividade dos nossos dançarinos e professores de dança de salão.
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